08 setembro, 2013

Cotidiano escolar

Furos na parede,
Grades vazadas,
Muros chapiscados,

E o coração pulsa,

Chão alagado,
Rabisco emparedado,
Portas chutadas,

E o coração pulsa,

Passos apressados,
Andares atrasados,
Olhares cansados,

E o coração pulsa,

Barulho ensurdecedor,
Sinal assustador,
Sorrisos amarelos,

E o coração pulsa,

Canudo matador,
Bola de papel suicida,
Borracha que levita,

E o coração pulsa,

Cheiro de comida,
Manhã amanhecida,
Pratos Sujos,

E o coração pulsa,

Sudorese excessiva,
Gargalhadas abusivas,
Cadeiras descompensadas,

E o coração ainda pulsa,

Gritos de ordem,
Configuração da desordem,
Descompasso de atitude,

E o coração ainda está pulsando,

Rouquidão a vista,
Barulho infinito,
Fica dito o que foi dito,

E o coração pulsa,

A fadiga na fala,
A voz que não se cala,
A correria na escada,

E o coração continua a pulsar,

O sinal que abala,
A barriga que não se cala,
O calor que se instala,

E o coração pulsa,

Os andares se apressam,
O barulho não se cessa,
A porta que bate,

E o coração pulsa, ainda mais forte,

O silêncio se instala,
A boca muda,
O vazio se amarga,

E o coração pulsa,

O portão furado,
Agora é fechado,
O muro chapiscado,

E o coração é o mesmo, pulsa,

O muro ainda furado,
A grade vazada,
O chão ainda alagado,

O coração pulsa, e continuará pulsando...nas manhãs seguintes...

Escola vazia-cheia





Um dia fui numa escola,
Que estava vazia,
Mas que também era cheia,
Um senhor me convidou para entrar,
Entrei,
Mas logo na entrada vi grades,
Grades que me deixaram atordoado,
Olhei para lá,
Olhei para cá,
Não encontrava pessoas,
Mas sabia que aquele ambiente era ocupado,
Mas estava desocupado,
Minha cabeça atordoava cada vez mais,
Olho para o centro do pátio,
Não vejo ninguém,
Olho mais uma vez,
No banco vejo algo-alguém,
Estava moribundo,
Chego perto,
Vejo,
Uma pessoa deitada,
Corro para o outro lado onde havia outro banco,
Vejo outra vez,
Um homem,
Mexendo em algo,
Mais uma vez corro para o breu,
Onde me deparo com outro homem que me vê, mas eu não o vejo.....