04 dezembro, 2016

Crianças do Áurea

No iniciar da aurora
Portões se abrem
Passos adentram o pátio

Ruídos
Risadas
Conversas
Amontoados
Dispersos.

O sinal.

A movimentação contínua
Nunca parece acabar.

Portões que se fecham
O silêncio impera?
Palavras soltas de várias oralidades.

Enfileirados
Dispersos
Lado a lado
O layout a configurar.

Papéis rabiscados
Lápis que sabe voar
Borrachas estraçalhadas
Carteiras judiadas
Parede: um mosaico peculiar.

Crianças do Áurea?
Ou.....
Crianças de Áurea?

Áurea
Feito de ouro
Resplandescente
Ilumina
Incandesce.

Sorrisos
Carinhos
Palavras que fazem confortar.

O dia a dia estressante
De uma profissão ainda a valorizar...

Menino
Menina
Marotos
Meigos
Lindos
Ainda nos fazem acreditar...

Na mudança
A calhar....

Anunciação!
Mensagem
Presságio
Que suas vidas
caros alunos
vão melhorar....

Para quê serve a matemática?
Português que chato!
História é passado...
Educação física: brincar...
Geografia tô perdido....
Filosofia imaginar....
Biologia...bichinho...
Física viajar...
Química é muito abstrata...
A Arte é pintar?
Sociologia coisa de maluco...
Inglês What?
Ciências ver plantinhas...
para quê serve estudar?

O mundo tem formas e números
Textos e poesias
Literatura e fantasias.

Conhecer o corpo e seus limites
é respeito próprio.

A internacionalização é uma
realidade.

Através do passado
Entenderemos o presente
Repensaremos o futuro.

Localização, espaço.

A mãe das ciências é filosofar
ética, educação, moral?

Na vida entenderemos
O porquê somos e estamos
No mundo a concretizar.

A força da natureza
Não se brinca.

Os átomos que nos constituem
Na materialidade que fica....

A alma é criativa...

A sociedade somos nós...

E naquela plantinha que semeamos um dia...
Dará frutos as futuras gerações
Que o mundo pode ser feito de alegria.

Crianças de Áurea
Do Áurea....

Para os que saem
Fica a saudade
esperança
das vossas potencialidades
de se tornarem cidadãos
num mundo de pessoas órfãos
de humanidade.

E os que continuam
força
dedicação
o mundo precisa de vocês
meninos e meninas de bem
Nunca te abandonaremos
Num caminho de ilusão.....

09 novembro, 2016

Era da intolerância

Cores,
Pensamentos,
Práticas culturais,
Massificadas.

Mídia Branca
Rolo compressor
das vontades alheias
individuais
minorias
Jamais???

Padrões religiosos
educacionais
sem política
não faz.

Sem partido
pensamento
vontade
sonhos.

A soberba da verdade absoluta
Nos estarrece
persegue
enjaula-nos
no conforto da mesmice.

Ao diferente
a morte
ao igual
a sorte.

Era da intolerância
Mato o rival
enterro em cova funda
e a terra come.

A humanidade no caminho da auto-extinção.....

25 setembro, 2016

Notório Saber

Notório saber
todos podem dar aulas (e)
professores nas jaulas.

Notório saber que a educação é para
poucos (são)
bando de loucos.

Notório saber que o vampiro está
a solta (os)
plenários (as)
medidas provisórias
louca.

Notório saber que o pobre
paga o pato
fato.

Notório saber (tomam)
champanhes
taças
charutos
farras.

Notório saber (que)
professores serão
amadores
agora.

Notório saber
entrega (a)
estrangeiro
banqueiro
capitalista
puteiro (a)
riqueza do brasileiro.

Simplesmente é notório saber que a educação deste país
é um abismo profundo
roleta russa cheia de balas
no escuro....



17 setembro, 2016

Melancolia

Olhos baixos
fartos
chatos.

Cabisbaixo
Sofrência
Mental.

O corpo
não é mais meu
do mundo.

O que você faz?
Vale apena?
Pena...

Respirar o ar basta?
Afasta
O ser.

Quero um mundo para mim
como
assim?

Vivo nas perpléxas
vivências
seres
humanos.

Resisto ao tempo
momento
de refletir.

Pego na caneta
a tinta não sai.

Pego na folha
esta rasga.

Saio pro mundo sem destino
findo........

15 setembro, 2016

CONVICÇÃO

Tenho convicção
que todos os pobres se salvarão
a misericórdia dos ricos prevalecerão.

Tenho convicção
que a desigualdade social
acabará.

Tenho a convicção
que as escolas se tornarão templos
de formar cidadãos.

Tenho a convicção
que a ética da política
reinará.

Tenho convicção
que os preços dos alimentos
elevados pela inflação
baixarão.

Tenho convicção que o Drácula
é de mentira
 e não governará.

Tenho convicção que o ser humano
é lindo e desprovido
de ambição.

Tenho convicção de um dia
passear com meus filhos ás ruas
saberá.

Tenho plena convicção que tudo isso
não passa
de ilusão.

Porém não tenho provas.....

APROVA

Prova
A prova
Prova
Aprova.

Provar
Provando
Provador
Providência
Prova.

Prova
Prove
Provo.

Provaremos
Provareis?
Prova!!!

Provarão
Prova
A prova
Provar-me-ei.

Provar-te-ás
a prova
Aprovam?

Prova!!!!!

08 setembro, 2016

Re pressão

Não saiam às ruas
Fiquem em casa
As bombas que fazem chorar
aparecem.

Pessoas pobres usurpadas
tiradas de sua dignidade
resposta: bombas que fazem chorar.

Falta de comida
fome estrutural
resposta: bombas que fazem chorar.

Deseducação
Depósito de crianças e adolescentes
resposta: bombas que fazem chorar.

Concentração de renda
pobres sem renda
resposta: bombas que fazem chorar.

Aposentar-se próximo à morte
pagar aposentadoria para o rico
reposta: bombas que fazem chorar.

Transporte urbano
degradado, não leva a lugar nenhum
e caro
resposta: bombas que fazem chorar.

Charutos, champanhes, fascismos,
tirania, risadas, deboche ao povo pobre
resposta: bombas que fazem chorar.

Vão ás ruas manifestem-se! gritos de ordem,
faixas, bandeiras, músicas, trabalhadores, crianças,
famílias, diversidade, povo.
resposta: bombas que fazem chorar.

Pessoas lacrimogênicas, olhos irritados, jatos de água,
prisões arbitrárias, militarização do pensamento único.
resposta: bombas que fazem chorar....

21 agosto, 2016

Existencialmente

Olhos abertos
Mentes flutuantes
Amantes do sentimento
Pisar ao chão
Nuvens de verão.

Respirações sistêmicas
Aglutinações pueris
Dores na occipital
Normal.

Pessoas transeuntes
Passarelas de pobres
Nobres.

A fadiga material
do pulmão devastado.

Transcendo ao além
Forças sobrenaturais
Pisadas leves.

Corpos inertes
Corpos anestesiados
Corpos vivos.

A chuva cai e molha
A minha'alma levita
Sinto frio
Calor
Dor.

Existencialmente
existo
vivo
no limbo 
da existência.

24 julho, 2016

Estado de Sítio

Estado de Sítio

Prendam a todos
Todos presos
Nas suas hipocrisias.

Poesia letal
Não escapa
Mapa
Social.

Status quo

Presos na sua ideologia
Soltos pela sua demagogia.

Sem partido
Sem habeas corpus
Sem defesa

Estado de Sítio
na mesa.

18 julho, 2016

Flores na avenida

Armas letais
Tanques de guerra
Um tiro
Tomaram o poder.

A mídia anuncia o aeon
Não gostaram da flores
Que nasceram na avenida.

Elas atrapalharam a saga golpista
Não deixaram os blindados avançar
Cresceram
Soltaram as suas pétalas mortais
contra um sonho conservador.

As armas serão substituídas por gizes
Livros
Leituras
Poesias
Pinturas
Teatro...

As escolas partidas sem partidos
Serão abolidas
A elite perdeu
A prumada do bonde.

Flores na avenida que caminham
Jogam seus perfumes contra os tanques
Entopem os canhões
Perfumam os cheiros de pólvora
Amolece os corações dos soldados.

Soltaram as armas
Pegaram no livro
Cheiraram a rosa
Com uma fragrância encantadora.

O golpe acabou
Foram para suas casas.

Comemoram o dia do mundo melhor.

A África se libertou de suas amarras colonialistas
A América Latina rompeu suas correntes imperialistas
A Ásia pobre derrubou suas tiranias
A Europa se solidarizou
E a América anglo saxônica se misturou.

E as flores da avenida quebraram todo o pavimento da
intolerância humana
E exala seus diversos perfumes....

Escola para pobres

Sem partido
Partida

Sem sentido
Sentida

Laica
No evangelho da televisão

A elite se beneficia
dos privilégios sociais

Querem mais

Pregar a desconstrução
então

Esfacelamento de cidadão
Pobres
Só os pobres

Elite ilesa
destreza

Ideologia só para os conscientes
inocentes

Camisa do Brasil
Puta que pariu

Roubaram o feijão
João

Quantos no Brasil
Milhões, Mil

Passar fome
Some

A pobreza enobrece
a burguesia
que asia.

Máquinas de lucrar com a miséria
séria.

Capitalismo travestido de justiça
castiça

Menino com arma na mão
sem livro
partido
Sem partido....

11 julho, 2016

Letargia social

Pelourinho com chicotes
cheios de xilocaína
Batem mas não sentem.

Classe abestada quer
cortar a cabeça do servo e manter a do rei.

Levam chicotadas com xilocaína.

Mostram através dos produtos midiáticos que
tudo está bem.

Amém

Feijões roubados nas lavouras
Ouros deixados de lado nas minas.

Estranho.

Perseguem o comunismo
Mas que comunismo?

Da viajante a Ibiza?
Barcelona?
China?
A moda agora é Cartagena.

Arroz caro para chuchu
Que chuchu?
Fugiu das cercas e foi para a bolsa
de valores!

Horrores.

Programa de culinária
que sensação.

De manhã sai Caverna do Dragão
e entra o fan cão.

Não?

Letargia das chibatas anestesiadas de
xilocaína.

Anestesia midiática

Acha?

Será?

Vá?

Vamos falar mal do bolsa da família
e ver na TV a bolsa d' coro de jacaré.

Mané......

05 julho, 2016

(des) caso

IPTU - Imposto pro Prefeito Trabalhar para Usura

Pessoas doentes - tristes
Cansadas de esperar
a consulta chegar.

O burocracia é a arma
que desatende o cidadão
filas longas, esperas eternas.

Os anos passam e nada muda
só o valor o IPTU, sempre para mais.

Os tais cobram até a cobertura de plástico
trágico, mágico.
Máquinas de usurpar cidadão.

As vezes uma televisão para entreter
com novelas imbecis
será que estão felizes?

O cheiro de doentes, moribundos, pacientes
na impaciência de esperar.
A senha chamar,
Se chamar?

Caras feias para os pobres
Nobres?
Não!
Somente pobres em situação de menos risco.

Sentados, enfileirados, amontoados
tanto faz...

Um vômito, um desmaio, uma briga,
Somente pobres em situação de calamidade
Na cidade?
Que cidade?

Descabimento, descaso, proposital?
Que tal?

Máquina de usurpar cidadãos....

Caras feias para o pobre
Nobre?
Só que não...

SUS - Sustentar a Usura Superior
Dor
Paracetamol
Dipirona
Placebos que amenizam a angústia social.

As filas desanimam a doença de progredir
Rir?

Enquanto isso no Einstein o IPTU paga o convênio dos mesmos

Esmos....

24 junho, 2016

(des) conhecido

Sou suburbano
Meu filho alfacinha
Minha mulher caipira e
minha filha também.

Amém

Nas terra "vermeia"
Sujava os meus "pé"
Carrinho de rolemã
Descia no rolé.

Pé de árvore eu subia
No almoço era manga
No lanche abacate
E a noite não sabia.

As cigarras cantavam.

Na cidade eu cheguei
Andava o dia inteiro
o que eu pegava na árvore
agora consegue com dinheiro.

Para o exterior até fui
como mais um aventureiro
percebi que não passava
de um relés estrangeiro.

E a minha nacionalidade
Sempre questionada
de um famigerado brasileiro.

Para a terrinha quis "vortá"
Mas num era mesma coisa...
queriam me ludibriar
me tornei uma raposa.

Hoje vou vivendo
Num dia após o outro.

Um cidadão (des)conhecido
que mal tem um apelido....
Vivendo ao relento.

O mundo do ismo e do ista

O ismo odeia o ista
O ista provoca o ismo
E porque isso?
Vivemos no mundo do ismo e do ista.

Se sou ismo não sou ista
Se sou ista não sou ismo
Mas um dia o ismo casou com a ista
E formaram o ismoista.

Casal feliz
Mas um dia o ismo brigou com a ista
E logo formalizaram o divórcio.

O problema é que ismo e ista casaram em comunhão total de bens
Na igreja
e tudo bonitinho
Dentro da moral católica familiar da vida.

E para fazer o divórcio foi uma "danadagem" só.
O ismo tinha bens e ista também.
O ismo queria a casa da ista
e a ista queria o apartamento do ismo.

Não tinha negócio entre os dois.

Então a saída foi juntar amigos para se fortalecer.

O ismo juntou os grandalhões
A ista juntou a virtude
E ambos passearam contra a opinião de ambos.

E isso perpetuou durante 10.000 anos
Segundo Rauzito.

E hoje temos uma sociedade cheias de ismo e istas
Que se digladiam  gratuitamente.

Será que não seria melhor o ismo se acertar com a ista?
E assim poderemos viver num mundo melhor.....

23 junho, 2016

ex-insistência

Hoje amanheço
Amanhã padeço
Ontem despeço
No ano seguinte aconteço
Daqui uma década mereço
Passar um século faleço
Passa um milênio reapareço
A eternidade adormeço....

11 junho, 2016

O MENINO QUE COMIA PÃO COM MORTADELA

O sinal toca
As crianças saem felizes
Mais um dia se foi.

Professores
Alunos
Pais
Pessoas se movimentam.

O menino
Sentado na sarjeta
Comia pão com mortadela.

Uma roda
Uma moto
Empinando
O baseado queimando.

A mesclagem de pessoas
Convivendo o mesmo espaço.

Naquela movimentação
Aglomeração
Insultos
Xingamentos
Briga.

O motivo ninguém sabe
Nem mesmo os lutadores
Mas como na televisão
Sempre tem UFC
Levar para a escola então.

O novela mostra
Corpos bem definidos
"Malhação"
Exemplo de educação?
Não...

Com a caneta na mão
Representantes da população
Corta gastos
Ficam fartos de tantos livros
Não lidos?
Comidas
Desperdiçadas?
Nada...

Isto é gestão!!!
Do seu dinheiro
Público?
Então!!!

E o menino comendo pão com mortadela
Se deliciava
A fumaça entrava
No seu sistema respiratório
Passivamente...

E o escapamento da moto estralava
O molecada ficava "doida"
E o piloto se mostrava
Mesmo quase atropelando uma criança
Criança?
No Brasil elas devem trabalhar
Para não pensar
Ordem e progresso!
Sucesso?

O sinal novamente toca
A rua se esvazia
O silêncio impera fora
E o barulho se interioriza
Em nossos pensamentos...

04 junho, 2016

Aniversário

O dia amanhece
Sol lindo
Tudo certo
Os familiares dão - me bom dia
Que alegria
Mas nada.

Hoje é meu aniversário
Será que se esqueceram?
Não, acho que não.

Os sinos badalam
Vou a missa
O padre me espera.

Caminho por quinze minutos
Depois de alguns contratempos
Como brigas em bares
Polícia versus ladrão
Chego então.

A liturgia havia começado
As imagens dos anjos
Lindos
Arcanjos.

Aquela imagem de Da Vinci
Jesus e seus apóstolos
Santa Ceia
E o traidor
Judas.

Viajo nas imagens
Perco-me na liturgia
O padre
Coroinha
Os cânticos sacros
Voz em latim
Sim.

Saudação
Ato penitencial
Hino de Louvor
Oração de Coleta.

Rito da palavra
Primeira leitura
Salmo responsorial
Segunda leitura
Canto de aclamação ao evangelho
Evangelho
Homilia
Credo
Oração da comunidade
Rito sacramental.

E as imagens me atraem.

Por um instante esqueço-me de meu aniversário.

Depois do Cordeiro de Deus
A comunhão
E aqueles santos
Nos prantos
E Jesus com suas mãos.

Nos Ritos Finais
O celular com mensagem
Eu não vi
Esqueci.

Voltando a casa
Com aquela esperança que algo poderia acontecer
O caminho é curto
Ao mesmo tempo longo pelos acontecimentos cotidianos
Bares, polícias, embriaguez e atos profanos.

Entro na rua
Avisto carros parados em frente de casa
Que surpresa?
Será?
O coração palpita
O sorriso vem.

Aproximei da casa
O som deu lugar ao silêncio
Choros, lamúrias?

Entro, mas o sorriso dá lugar as lágrimas
Minha mãe chega próximo de mim
Diz: parabéns!
Mas seu avô faleceu
Estava preparando sua festa e infartou!

Sem reação
Vem a minha cabeça os anjos
Cantos
As lágrimas de alegria se transformam na falta.

Velho danado!
Havia me criado!
Com carinho e amor
Deixou me neste instânte
Com saudades das alegrias e dor.

Saio e rua e então
A realidade a vista
Polícia, tiros e correria...

02 junho, 2016

Crise letárgica

Quando leio
Entorpeço-me
Durmo 
Acalmo-me
As luzes da televisão me atraem.

O som da publicidade me engana
Cores
Pessoas 
Objetos
Superficialidades desnecessárias.

As novelas me letargiam de banalidades
O controle remoto me sedentariza.
Inerte paralítico
Paralisia viciante
Pensamento estático.

As pessoas com suas particularidades e sonhos
Alheiam-me.

Sinto um vazio de ser
Uma badalada do sino da vida
Um eco na subjacência do eu.

Quero abrir os olhos fechados de remelas
Mas não consigo.

A realidade me faz enxergar o que não gostaria de ver.

Quero ser criança
Brincar, correr e cansar
Deixar as pálpebras da minha existência
Deitar....

27 maio, 2016

O demônios e um anjo na piscina de Calígula

Calada
Na noite
Calada da noite
O som entorpecente
O entorpecer.

Entorpecendo a memória crítica.

O anjo.

Na inocência da sedução, ou não
Entra na piscina de Calígula
Ébria?
Não importa
Quem importa?
Mas os demônios a esperavam
Todos entorpecidos no desejo
Ensejo.

Na sazão da fragilidade do anjo
Mentes maquiavélicas
Planejavam sujar de sangue
O que para muitos parecia vinho.

Seduziram o anjo
Forçaram a denudar
Tiraram-lha a borra.

E a piscina de Calígula sem enche
O vinho que existia lá
Entorpeceu os demônios
E estes introduziram com todo despropósito
A hediondez que sai do semên.

O anjo apagou
Na violação do seu ser
Na entorpecência da crueldade humana varonil.

Agora dorme
Quando acordar
Verás que a piscina de Calígula
Se esvaziara dos demônios
E abarrotara de sangue e atrocidade.

24 maio, 2016

Giz ao chão

Riscando a lousa
Cai ao chão
Parte ao meio.

Barulhos, vozes e risos
Arrastamentos
Sorrisos
Celulares barulhentos.

De repente um calão
Um afrontamento
Um empurrão
Fotos à vista.

Redes
Sociais
Interagindo
De fora a dentro
Atento.

Ignorado
Enciumado
Onipresente.

O prenúncio
Configuração descompassada
Atropelamentos
Pisoteado
E o dia termina....

18 maio, 2016

Não vire a direta

Nos caminhos tortos
Tenebrosos
Perigosos
Melindrosos.

Virar a direita parece ser romântica
Suave
Bonita
Elegante
Facilidade.

Os caminhos á direita
Parecem bonitos
Retos
Deslumbrantes.

A direita aparentemente encoberta de belezas
Paisagens belas
Animais vistosos.

Mas quando entra á direita
Logo a primeira placa de sinalização
Diz: intoleráveis
O que é isso?

Sempre á direita o caminho que antes era limpo
Fica insalubre
Ratazanas aparecem famintas
A paisagem some
E chega ao precipício
Fundo
Obscuro
Pútrido.

17 maio, 2016

Jornada

5:45
Desperta a dor
Olhos remelentos
Calor
Água fervendo
Pães amanhecidos
Frigideira quente
Pães aquecidos
Chuveiros
Água meio quente
Gente
Tomar banho e sair
Novamente desperta a dor
Tem que ir
Carro a bordo
De mim
Junto com orvalho
Pego a pista
Vista.

Folhas caídas
Crianças bem mal vestidas
Algumas comeram
Outras esperaram a hora certa de comer
Intervalo.

Composição trivial
Uns atrás dos outros
Conversas corriqueiras
Sobre cotidianos previsíveis
Estão no último estágio da libertação
Daquele cotidiano doloroso
De palavras, leituras
Criação
Perdidos no mundo?
Creio que não
A lousa risca o giz
Com palavras desconexas
Esquemas
Explicações
Distúrbio, pouco foco, desinteresse
A música trivial do celular é mais bonita
Atraente, mas se esvai pelo ar do recinto
E chega ao tímpanos sensoriais do meu ser.

O sinal toca

Sala vazia cheia
Rimas sobre temas
Criatividade em cena
Cantorias, risadas, repentes
O professor vira alvo
Nem ele está a salvo
Poucas pessoas e muito barulho

9 BDesarranjos espaciais
Acordos não cumpridos
Conversas desapropriadas
O coração palpita
O sangue corre

15 maio, 2016

Quando a mala failure

Descosturada
Mala aberta?
Que nada.

Com o testamento na mão
Falam em punição
Então?
Código penal
Prender delinquentes
Legal.

Mas quem são?
O ladrão de carteira?
Roubador de frutas?
Descamisado embaixo da ponte?
Ou o negro arrumado?

Quando a mala falha
Estamos ferrados
Coisas saem do subconsciente
E sente.

Preconceitos raciais
Homofobias
Luta contra o pobre
Querem mais.

Quando a mala "faia"
E mergulham a bolsa do senhor Naro
Legitima a corrupção
Tá claro!
Claro que não.

Terno e gravata
Só nata.

Barba bem feita
Que bonito
Deita
Sobre os escombros da exploração
Então
CLT
Carteiras de legítimos trabalhadores.

Eles tem?
Claro que não
Pró-labore
Porque se a mala "faiô"
Direitos se perderão.

14 maio, 2016

Me renda

Águas cristalinas
Saem da torneira diária
Biscoitos sequinhos
Saiu à um mês da fornalha.

O macarrão que existia
Ficou em extinção
O arroz da tia
Ficou na ilusão.

Carne suculenta
Temperada
Quem aguenta?
Afugentara em cofres suíços.

Mais um mês de bolachas da Maria
Que ironia
Disseram que ia melhorar!

Saudades do macarrão com atum
Que para Luxemburgo
Foi visitar
Será que voltará?

As acelgas com frango
Molho saboroso
Carne sem osso
Gostoso.

Mais um dia de biscoito de água e sal
é normal?
Dizem que sim
Meu estômago
Me entenda
Me renda.

12 maio, 2016

O santo banquete

No centro
atraída
Beijada no rosto
Repudiada pelo prelo
Escorraçada por o
Senado romano.

Seus apóstolos
Abandonou
Comeu todo o banquete da ceia
E vazou.

Pôncio Pilatos lavou as mãos
Põe no poder Judas
Que andara ao lado
Sorrindo
Fazia planos
Tantos.

Tiago o articulador
Sabia de tudo
Mas não teve ousadia
De enfrentar Tibério
Da família Nero
Coincidência ou não
O conluio se concretizava.

Mateus nomeara a todos.

A cruz estava levantada
Barrabás também a condenara.

A crucificação
Por ser mulher
Leão.

Eosfóro
Coadunado
Que mal intencionado
articulou a sua queda.

Na crucificação
Maria
Choros
E somente uma pequena multidão.

Judas no púlpito
Discursara com palavras doces
Aplaudido pelos senadores
E a plebe apedeuta
Sorria com os dentes cariados
Esperando migalhas de pão
Maior fado.


10 maio, 2016

Ocupa ação (parte II)

A luta é nossa
Viva o povo
Vão para as ruas
De novo
Sem tirar selfie
É borrachada mesmo.


Moleques bagunceiros
Levaram a sala de aula para as ruas
Mostraram o governador para que veio.


Insatisfação
Merenda no prato
Sem trato.


Vejo
essa molecada engajada
Não tem medo
Cedo.


Quem segura?
Uma "balinha" de borracha?
Cacete nos cornos?
Será?


Tem que ser muito mais...
Eles são leais
As suas convicções.


Enquanto isso...
O mesmo que dá borrachada
Faz a marmita para seu filho
Porque na escola
A comida foi embora.


Abram a mente
Preparam o coração
Porque quem fala mais alto é o estômago....



Poesia de amor

O amor tá
É dela
Macia, gostosa, gordinha, saborosa
Se entrelaça nas partes íntimas
internas da pada
Fatiada, sulenta, roliça
Ninguém aguenta.

Acordo com você de manhã todos os dias
Sinto seu gosto na minha boca
Você mexe em meu estômago
Que palpita o coração.

Eu digo amor tá
É dela
Embalada em sua veste protegida
Danada
Fingida.

Faz graça para mim
Te deito na sertã quentinha
Como te todinha.

O azeite
Que deleite
enfio-lhe o pauzinho
lhe ponho na boca.

Te busco no mercado
Fico enciumado.

E assim o amor
Tá e é dela.

Panzerkampfwagen

Todos na linha de batalha
Brasileiros de um lado
Alemães de outro
o juiz apita
e o panzer com sua brutalidade sutil
atropela o exército bonito e descamisado
Ninguém segura o toque de bola
Gol toda hora
e o panzer não para de atropelar.

09 maio, 2016

Coisa Politicamente Incorreta

CPI (Coisa Politicamente Incorreta)
Causar no mundo....
Respirar o ar do mundo....imundo
Meninos levados
Dão trabalho ao governador
Hoje comi bolacha de água e sal com leite
Deleite
Amanha
O mundo caberá
Decidir
O que comer
Desistir
Nunca
A Pol
é licia
Bahh
Te
Moleque
Levado
Quer comer
Danado...
A Má
é fia
da Dona Merenda.......
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07 maio, 2016

A RÊ ASSA

A Rê assa
Assa.

O Pó obre
Mor ore
Morre.

A Rá assa
assa
Cal asiana
E a Rê assa
Ari e Ana
Ana.

Imbecil
O Sil
Que disse
Isso
Tudo
mudo.

Mundo
Cru El
El.

Pisa
Pó obre
Henri aquece
O Rio oco.

Sul
Foco

Oco.




05 maio, 2016

Em quadrado


Quadros
Quatros
Enquadro.

Fato
Dado
Ditado.

Furos
Portões
Fechados.

Cadeado...

Espeto na grelha

Assado
Gordura
Colesterol.

A brasa do carvão
Aquece o ar
Que entra na carne
Suga o sangue.

Pessoas felizes
Sorridentes
Ébrias.

Ser espetado
Dor
Incontrolado.

O churrasqueiro gira
O espeto
Sorri
Abre a cerveja.

As bocas salivantes
Esperam a carne
Macia
Saborosa
Delícia
Gostosa.

Coitado do boi
Encurralado
Tratado
Vitaminado
Matadouro
Assassinado.

Mas quem liga
Picanha
Maminha
Gordura
Fininha.

Farinha
Pimenta
Ninguém aguenta.

Quando mordi aquela carne no espeto
Dor no dente
O sentimento igual da carne
Na mente...

04 maio, 2016

Poesia levada

Poesia levada
Pelo vento
Danada
Sentimento.

Poesia levada
Lethe
Fica
Esquecimento.

Poesia levada
Apronta
Nas veias
Lento.

Poesia levada
Foi
Partiu
Adentro.

Solidão

Sinto um vazio
Cérebro cheio
Cansaço.

Correria do dia
Letargia
Paralisia mental.

O sopro do vento
O ar que não entra
O pulmão que respira......


Putrefação social

A imagem do homem
Opus dei
Governa com a caneta
Decretos-lei.

Toma champanhe
Espanca professores
Sorri
Da sórdida desgraça social.

Boas oratórias
Sorrisos singelos
Óculos no lugar
O inferno.

Enviado este
Sucumbe sonhos
Destrói alegrias.

Transvestido com terno alinhado
Filha e mulher
Aparência de bem casado.

Convence as mentes inertes
Putrefatas do consumismo voraz.

Capataz do diabo
Lixo humano
Suas células o consumirão
Tirar-lhe-ão os dentes
Sugarão as vísceras.

Que a terra o rejeite
Para um mundo
Melhor
Desabrochar....

03 maio, 2016

20 abril, 2016

Meu voto

Pela moralidade
Pela democracia
Pelo João da padaria
Zé da farmácia
Chico da churrascaria.

Pelo meu filho que nasce
Pelos filhos dos meus filhos
Pelos netos dos meus filhos
Bisnetos dos meus filhos.

Pela minha família que não faltarás
Pelo enfermo do satanás
Pelas gerações minhas
e de meus aliados
correligionários.

Pela cadela Laika que foi ao espaço
Pela pisada do americano a lua
Pelo freio do meu carro que funcionou
Pela minha tia que nunca me decepcionou.

Pela árvore que brotara em frente de casa
Pelo policial que me acenara de manhã
Pelo meu cachorro que não cagara na calçada.

Pelo meu marido engaiolado
Pelo servente de pedreiro
Pelo gato que ainda não tossiu seu pêlo
Pelo amor de deus!!!

Pelo Silvio e seus programas dominicais
Pela dança dos famosos
Pelo fim de noite de domingo
Pela manhã que ainda não nasceu.

Pelo trabalho que me deste todo dia
Pela marmita fria, que alegria!!!
Pelo crachá
Pelo salário que vai acabar.

Pelo meus filhos que choram de fome
Pelo seus filhos que acabaram de comer
Pelas pessoas transeuntes nas ruas
Pelo moradores eternos do chão.

Pelo sol que nasce hoje
Pela lua que vem à noite
Pela chuva que nunca chegará.

Pela primavera que ainda revigora
Pelo inverno que esfria agora
Pelo verão esperado por todos
E outono.

Pela areia da praia
Pela água fria do mar
Pelo moleque que acabara de roubar
Pelo meu cordão que já se foi.

Pelo Brasil
Pela Brasília
Pela Campinas
Por São Paulo
E meu bairro.

Pelo povo brasileiro
Cerveja o dia inteiro
Carne boa
Conversa também.

Pelo meu pai que me pôs ao mundo
Pela minha mãe que sangrara por mim
Pelos meus irmãos que roubara as minhas bolachas recheadas na infância
Pela minha vida de criança.

Pela minha velhice que não vem
A juventude já era também
A minha infância que saudades
Das pedras nas janelas
Encapetados.

Pelo ônibus que não passou
Pela fila do SUS
Pela escola que não ensina
Pela televisão assassina.

Pelo moribundo que espera a morte
Pelo ganhador da loteria
Que sorte.

E por todos aqueles que acreditaram em mim
Meu voto é ....não...

17 abril, 2016

A mortadela e a coxinha

Todos dias de manhã
Meu pai ia a padaria
Comprar pães quentinhos
Branquinhos ou cascudinhos
Acompanhados de finas fatias de mortadela.

Insumo popular
Está em todas as mesas
Sempre fez me lembrar da vida simples
Mas cheia de alegrias.

Junto com o pão, a mortadela
Faz o boia fria acordar cedo
O professor ir a escola
O motorista conduzir o ônibus
O padre orar
Está na mesa de quase todos os trabalhadores.

Que saudades daquelas fatias de mortadelas finas
Junto com a manteiga, dá um sabor inquestionável
Mortadelas com pimenta
Um alimento que sacia, alimenta.

Peço a todos para que nunca acabe este enchimento
Embutido de carne de porco, gordura, que delícia
Com pãozinho francês e café
Logo de manhã me leva ao esquecimento.

Um dia no bar vi uma suposta coxinha me olhar
Travestida de sua popularidade
Fez me a lhe degustar.

Passados alguns minutos
A azia vem
Dentro da bela coxinha linda e popular
Um recheio estranho
Parece caviar.

Mas era carne estragada
Coxinha desgrenhada
Queria me enganar
Na calada da noite
Uma puta vontade de cagar.

E foi até as tripas
Atacou meu coração
Coxinha mentirosa
Fez me sentir atração.

Pela exuberância de seu formato
Protuberância irresistível
Odor singelo
Olha atraente.

Coxinha mentirosa
Dentro de você
Tinha uma pedrinha
Que quebrou meu dente.

Que saudades da mortadela
Fina, macia e popular
Nunca mais quero coxinha
Vai ser mortadela
No café da manhã, almoço e jantar...

16 abril, 2016

Partida de futebol

Numa certa final;
Uma decisão;
Torcedores contras e a favor;
O estádio chama-se Demokratia.

Clima de tensão
Bombas
Manipulações
Palavras de ordem
E a televisão mostra somente um lado do campo.

Os times foram compostos pelas suas historicidades
De um lado descamisados, famintos, famigerados
De outro bem postados, bonitos, representados.

A bola rola
O atacante Zé pretinho toca
O meia Barrigudinho chuta
Bola na trave
Quase!!!!!

Por outro lado Coroné toca a bola de lado
Senhorzinho chuta
Para fora!!!

Fora do campo os torcedores se digladeam
Palavrões, chutes, bombas
Bandeirões, buzinas, e muitos xingamentos.

A Zagueira Cléo Fernandão chuta
Zé pretinho dribla um dribla dois e toca
Esfomeado em condição de jogo pega na bola chuta.. é.. golllllll!
O Juiz Mídia apita...
Impedimento!!!

Os jogadores vão para cima do Juiz
Este com a ajuda dos seus correligionários sai de cena
O bola rola novamente...

O zagueiro Sá Ney chuta a bola
Coroné pega e toca para frente
Feijó chuta
E Cléo Fernandão afasta.

Contra-ataque
Zé pretinho sai jogando toca para Esfomeado
Esse com a barriga vazia toca de lado
Barrigudinho com todas a dificuldades
Corre com ombridade
Passa por toda a zaga inimiga
Chuta.. é.. gollll!!!!
O Juiz Mídia dá impedimento novamente.

No sufoco o técnico Chimango
Tira Feijó e põe o glorioso Pê
Esse era habilidoso
Sagaz, esperto
Conhecia todas as brechas da Demokratia.

Mesmo assim Esfomeado sem comer corria
Zé pretinho com a bola nos pés sorria
Cléo Fernandão dava a segurança necessária
E depois de dois impedimentos foram para cima do adversário.

Coroné dá um chutão
Cléo Fernandão está no cangote
A bola quica na frente da área
Pê simula uma falta
O Juiz Mídia acata
Penalidade máxima!!!

O goleiro Conselheiro é expulso
Porque questionou o Juiz
Zé pretinho vai para o gol
Pê olha a bola
Escolhe o canto e chuta...
Gollllllllll!!!!!
Golllll do Pê!!!!!
Golllll Pêeeeeee!!!

10 abril, 2016

Rugosidades


Passaradas




Passaradas
Passos largos
Rápidos
Levam-nos
Deixa-nos
Passos
Laços.

As crianças que andam
Caminham
O futuro.

Variados passos
Variadas formas passadas
O passo nos leva
Para o passado-futuro.

E não nos deixam ficar no presente
A movimentação
Dos corpos
O sorrisos nos pés
As palavras que passam.

Ficam
Voam
Destoam
A visão do estáticos
Que assistem a movimentação do mundo.

Pessoas 
Andam
Animais 
Andam
Pensamentos
Andam
Olhares
Andam.

Passaradas
Passos
Laços
Leves
Lugares 
Comum.

Levam-te
Como o ventos sopram as poeiras
Para o além...

07 abril, 2016

Mnemosine



A história de um lugar quase esquecido.... 

Memória
História
Esquecimento.

Descaso
Acaso
Pertencimento.

Vilões...
Poetas...
Músico...
Compositor.

Morfo
Descascado
Ardor.

Os objetos falam
As pessoas não veem
Almas moram
Provindas do além.

O gramofone que não toca
O seu coração
Perplexidade
Emoção.

Rotação
Disco riscado
O som transigente
Homens calados.

Perto de tudo
Longe de todos
Museu
A ninfa fugidia
Daqueles petulantes.

Enxerguem a minha presença
Que não mais
Amolarei...


Miradas na Escola




A angústia encontra a felicidade
Efêmera perpétua
Abandonados
Abençoados.

Calamidade
Cumplicidade
Sorrisos
Revoltas
No âmago.

Muitos mal nascidos
Esquecidos
Esperançosos
Virtuosos.

Estado
Esquece
Lembra
Depois.

Voto
Aberto
Fica
Pois.

Crianças
Crianças
Brincadeiras
Malícias
Desnecessárias
Vivências.

Aprendizado
Na marra
Amarra
Aprende.

Conflitos
Tortuosos
Sem partido
Nenhum.

O sinal toca
E todos
Vão embora
Destinos...


14 fevereiro, 2016

Enquanto você trepa

Enquanto você trepa...
Eu acordo,
Arrumo as camas,
Escovo os dentes,
Faço o café.
Enquanto você trepa...
Passo manteiga no pão,
Tomo leite,
Assisto televisão.
Enquanto você trepa...
Abro meus emails,
Ligo o carro,
Sigo a trabalhar,
Bato o cartão.
Enquanto você trepa...
Tomo um cafezinho,
Faço relatórios,
Participo de uma reunião.
Enquanto você trepa...
Chego em casa,
Tomo banho,
Preparo o jantar,
E você?
Nada de chegar.
Enquanto você trepa...
Termino de comer,
Assisto telejornal,
Novelas.
Enquanto você trepa....
Emociono-me,
Com a música tocada na rádio,
Com a estória contada no romance.
Enquanto você trepa....
Vou dormir....
Por favor, quando desceres da árvore...
Não esqueça de apagar a luz....

03 fevereiro, 2016

Microcefalia

A microcefalia dos mosquitos,
Atingiu a todos,
Merendeira,
Policial,
Professor,
Padeiro.
Industriário,
Doutor,
Enfermeiro.
Ginecologista,
Vendedor,
Biólogo,
Interprete,
Empresário,
Oculista.
Ladrão,
Bandido,
Padre,
Pastor,
Patrão.
"Microcefaliando" a todos.
Principalmente os políticos!!!
Que em vez de enxergar os problemas dos seus eleitores,
Preferem imaginar o enchimento de seus bolsos.....


O dia que o caixa eletrônico roubou meu dinheiro

Insira o cartão,
Senha alfabética,
Senha numérica,
Extrato bancário,
Sem chupa cabras,
Sem malabarismos criminosos,
Estou sem dinheiro.
Taxas tarifárias,
Juros exorbitantes,
Empréstimos,
Contas em débito,
Roubaram meu dinheiro.
Um mês de trabalho.
E um dia de roubo.
Mas um mês na pindaíba.
Quem é o ladrão?
Tem nome?
RG?
CPF?
CNPJ?
Ainda quero descobrir.....
Será que existe pena para este tipo de roubo?
Enquanto isso....
Mas um mês de trabalho,
Em um dia furtado....

21 janeiro, 2016

A morte da Amélia

Que saudades da Amélia!!!
Ela,
Passava,
Fazia comida,
Amava,
Limpava a casa.
Realmente não existe mais Amélia.
Quando chegava bêbado,
Ela me dizia coisas bonitas,
O jantar estava pronto,
A roupa lavada,
O café feito.
Eta Amélia linda!
Mas um dia....
Ela resolveu....
Não lavar a roupa,
Não fazer a comida,
Não me beijar quando estava bêbado,
E além de tudo foi para balada.
Odeio a Amélia!!
Um dia...
Embriagado...
Matei a Amélia,
Uma faca,
Um sentimento,
Machista!!!
Bandido!!!
Safado!!!
Filho de uma puta!!!
Merece morrer!!!
Monstro!!!
Ela era minha,
E mais de ninguém...
Matei a Amélia,
E não gastei um vintém,
Maldita...
Sou maldito!!!
Matei Amélia...
Não cozinhou mais,
Não lavou mais,
Não me beijou mais....
E eu???
Arrumei outra Amélia....
E aí vocês já sabem bem...

13 janeiro, 2016

Bar

Copos sujos cheios de cerveja azeda,
Balcões molhados de líquidos e restos de comidas,
Estufa com delícias e moscas como aperitivo,
Isso é bar.
Chão grudento com tampinhas que agarram aos pés,
Mesas espalhadas com garrafas vazias e copos cheios,
A pinga que nunca acaba,
O bêbado que afaga,
Suas mãos ao seu cabelo,
Isso é bar.
Pessoas sorridentes,
Ébrias e satisfeitas,
O copo que nunca enche,
A garrafa que esvazia,
Isso é bar.
O dono que é amigo,
Na hora de pagar se torna um inimigo,
Da cerveja a mais,
Ou a menos.
Isso é bar.
Por fim,
Pessoas cambaleando,
Dormindo nas calçadas,
Vomitando nas sarjetas,
Tristes,
Felizes,
O som pára....
A felicidade também,
O sol raia,
A vontade de dormir vem,
Isso é bar!!

10 janeiro, 2016

Resposta da Madrugada

No último ônibus
entro pela porta dos fundos.
Já não há cobrador,
mandaram embora.
Agora usa crack no viaduto.
Enquanto viajo por duas horas no ônibus,
sozinho,
sonolento,
pensativo,
indignado.
O motorista que precisa acordar
dá um tapa na dona benta.
Corre que nem louco,
desvairado,
maníaco,
chapado.
Mas chego no destino.
Ponto final,
Baixa da égua,
Casa do caralho,
Fim de mundo.
Essas denominações são da minha morada.
Caminho pelas ruas lameadas,
Cheias de enigmas,
Pessoas feias e mal encaradas,
Com corações partidos.
Fazem o mal e o bem,
pois não discernem mais a moralidade cristã
do mundo nefasto.
Casas com cheiro de madeira molhada.
A alguns passos chego a um destino.
O bar.
Com umas 4 pessoas confraternizando,
latas, bêbados, sorrisos, choros, rumores.
Fico uns 5 minutos.
Ao fim da rua chego em casa.
Cheia de goteiras.
Cama molhada.
Perto da rodovia.
Bate um carro,
um cara louco,
uns 230 Km por hora.
Quase fode meu barraco,
mas na sua loucura,
pede desculpas.
Meio confuso,
aceitei-as.
Ele me pede para entrar no carro,
desconfiado,
entro,
em poucas palavras,
poucos instantes,
o carro que quase me atropelara,
paira,
flutua,
na rodovia e some na escuridão...