27 maio, 2016

O demônios e um anjo na piscina de Calígula

Calada
Na noite
Calada da noite
O som entorpecente
O entorpecer.

Entorpecendo a memória crítica.

O anjo.

Na inocência da sedução, ou não
Entra na piscina de Calígula
Ébria?
Não importa
Quem importa?
Mas os demônios a esperavam
Todos entorpecidos no desejo
Ensejo.

Na sazão da fragilidade do anjo
Mentes maquiavélicas
Planejavam sujar de sangue
O que para muitos parecia vinho.

Seduziram o anjo
Forçaram a denudar
Tiraram-lha a borra.

E a piscina de Calígula sem enche
O vinho que existia lá
Entorpeceu os demônios
E estes introduziram com todo despropósito
A hediondez que sai do semên.

O anjo apagou
Na violação do seu ser
Na entorpecência da crueldade humana varonil.

Agora dorme
Quando acordar
Verás que a piscina de Calígula
Se esvaziara dos demônios
E abarrotara de sangue e atrocidade.

24 maio, 2016

Giz ao chão

Riscando a lousa
Cai ao chão
Parte ao meio.

Barulhos, vozes e risos
Arrastamentos
Sorrisos
Celulares barulhentos.

De repente um calão
Um afrontamento
Um empurrão
Fotos à vista.

Redes
Sociais
Interagindo
De fora a dentro
Atento.

Ignorado
Enciumado
Onipresente.

O prenúncio
Configuração descompassada
Atropelamentos
Pisoteado
E o dia termina....

18 maio, 2016

Não vire a direta

Nos caminhos tortos
Tenebrosos
Perigosos
Melindrosos.

Virar a direita parece ser romântica
Suave
Bonita
Elegante
Facilidade.

Os caminhos á direita
Parecem bonitos
Retos
Deslumbrantes.

A direita aparentemente encoberta de belezas
Paisagens belas
Animais vistosos.

Mas quando entra á direita
Logo a primeira placa de sinalização
Diz: intoleráveis
O que é isso?

Sempre á direita o caminho que antes era limpo
Fica insalubre
Ratazanas aparecem famintas
A paisagem some
E chega ao precipício
Fundo
Obscuro
Pútrido.

17 maio, 2016

Jornada

5:45
Desperta a dor
Olhos remelentos
Calor
Água fervendo
Pães amanhecidos
Frigideira quente
Pães aquecidos
Chuveiros
Água meio quente
Gente
Tomar banho e sair
Novamente desperta a dor
Tem que ir
Carro a bordo
De mim
Junto com orvalho
Pego a pista
Vista.

Folhas caídas
Crianças bem mal vestidas
Algumas comeram
Outras esperaram a hora certa de comer
Intervalo.

Composição trivial
Uns atrás dos outros
Conversas corriqueiras
Sobre cotidianos previsíveis
Estão no último estágio da libertação
Daquele cotidiano doloroso
De palavras, leituras
Criação
Perdidos no mundo?
Creio que não
A lousa risca o giz
Com palavras desconexas
Esquemas
Explicações
Distúrbio, pouco foco, desinteresse
A música trivial do celular é mais bonita
Atraente, mas se esvai pelo ar do recinto
E chega ao tímpanos sensoriais do meu ser.

O sinal toca

Sala vazia cheia
Rimas sobre temas
Criatividade em cena
Cantorias, risadas, repentes
O professor vira alvo
Nem ele está a salvo
Poucas pessoas e muito barulho

9 BDesarranjos espaciais
Acordos não cumpridos
Conversas desapropriadas
O coração palpita
O sangue corre

15 maio, 2016

Quando a mala failure

Descosturada
Mala aberta?
Que nada.

Com o testamento na mão
Falam em punição
Então?
Código penal
Prender delinquentes
Legal.

Mas quem são?
O ladrão de carteira?
Roubador de frutas?
Descamisado embaixo da ponte?
Ou o negro arrumado?

Quando a mala falha
Estamos ferrados
Coisas saem do subconsciente
E sente.

Preconceitos raciais
Homofobias
Luta contra o pobre
Querem mais.

Quando a mala "faia"
E mergulham a bolsa do senhor Naro
Legitima a corrupção
Tá claro!
Claro que não.

Terno e gravata
Só nata.

Barba bem feita
Que bonito
Deita
Sobre os escombros da exploração
Então
CLT
Carteiras de legítimos trabalhadores.

Eles tem?
Claro que não
Pró-labore
Porque se a mala "faiô"
Direitos se perderão.

14 maio, 2016

Me renda

Águas cristalinas
Saem da torneira diária
Biscoitos sequinhos
Saiu à um mês da fornalha.

O macarrão que existia
Ficou em extinção
O arroz da tia
Ficou na ilusão.

Carne suculenta
Temperada
Quem aguenta?
Afugentara em cofres suíços.

Mais um mês de bolachas da Maria
Que ironia
Disseram que ia melhorar!

Saudades do macarrão com atum
Que para Luxemburgo
Foi visitar
Será que voltará?

As acelgas com frango
Molho saboroso
Carne sem osso
Gostoso.

Mais um dia de biscoito de água e sal
é normal?
Dizem que sim
Meu estômago
Me entenda
Me renda.

12 maio, 2016

O santo banquete

No centro
atraída
Beijada no rosto
Repudiada pelo prelo
Escorraçada por o
Senado romano.

Seus apóstolos
Abandonou
Comeu todo o banquete da ceia
E vazou.

Pôncio Pilatos lavou as mãos
Põe no poder Judas
Que andara ao lado
Sorrindo
Fazia planos
Tantos.

Tiago o articulador
Sabia de tudo
Mas não teve ousadia
De enfrentar Tibério
Da família Nero
Coincidência ou não
O conluio se concretizava.

Mateus nomeara a todos.

A cruz estava levantada
Barrabás também a condenara.

A crucificação
Por ser mulher
Leão.

Eosfóro
Coadunado
Que mal intencionado
articulou a sua queda.

Na crucificação
Maria
Choros
E somente uma pequena multidão.

Judas no púlpito
Discursara com palavras doces
Aplaudido pelos senadores
E a plebe apedeuta
Sorria com os dentes cariados
Esperando migalhas de pão
Maior fado.


10 maio, 2016

Ocupa ação (parte II)

A luta é nossa
Viva o povo
Vão para as ruas
De novo
Sem tirar selfie
É borrachada mesmo.


Moleques bagunceiros
Levaram a sala de aula para as ruas
Mostraram o governador para que veio.


Insatisfação
Merenda no prato
Sem trato.


Vejo
essa molecada engajada
Não tem medo
Cedo.


Quem segura?
Uma "balinha" de borracha?
Cacete nos cornos?
Será?


Tem que ser muito mais...
Eles são leais
As suas convicções.


Enquanto isso...
O mesmo que dá borrachada
Faz a marmita para seu filho
Porque na escola
A comida foi embora.


Abram a mente
Preparam o coração
Porque quem fala mais alto é o estômago....



Poesia de amor

O amor tá
É dela
Macia, gostosa, gordinha, saborosa
Se entrelaça nas partes íntimas
internas da pada
Fatiada, sulenta, roliça
Ninguém aguenta.

Acordo com você de manhã todos os dias
Sinto seu gosto na minha boca
Você mexe em meu estômago
Que palpita o coração.

Eu digo amor tá
É dela
Embalada em sua veste protegida
Danada
Fingida.

Faz graça para mim
Te deito na sertã quentinha
Como te todinha.

O azeite
Que deleite
enfio-lhe o pauzinho
lhe ponho na boca.

Te busco no mercado
Fico enciumado.

E assim o amor
Tá e é dela.

Panzerkampfwagen

Todos na linha de batalha
Brasileiros de um lado
Alemães de outro
o juiz apita
e o panzer com sua brutalidade sutil
atropela o exército bonito e descamisado
Ninguém segura o toque de bola
Gol toda hora
e o panzer não para de atropelar.

09 maio, 2016

Coisa Politicamente Incorreta

CPI (Coisa Politicamente Incorreta)
Causar no mundo....
Respirar o ar do mundo....imundo
Meninos levados
Dão trabalho ao governador
Hoje comi bolacha de água e sal com leite
Deleite
Amanha
O mundo caberá
Decidir
O que comer
Desistir
Nunca
A Pol
é licia
Bahh
Te
Moleque
Levado
Quer comer
Danado...
A Má
é fia
da Dona Merenda.......
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07 maio, 2016

A RÊ ASSA

A Rê assa
Assa.

O Pó obre
Mor ore
Morre.

A Rá assa
assa
Cal asiana
E a Rê assa
Ari e Ana
Ana.

Imbecil
O Sil
Que disse
Isso
Tudo
mudo.

Mundo
Cru El
El.

Pisa
Pó obre
Henri aquece
O Rio oco.

Sul
Foco

Oco.




05 maio, 2016

Em quadrado


Quadros
Quatros
Enquadro.

Fato
Dado
Ditado.

Furos
Portões
Fechados.

Cadeado...

Espeto na grelha

Assado
Gordura
Colesterol.

A brasa do carvão
Aquece o ar
Que entra na carne
Suga o sangue.

Pessoas felizes
Sorridentes
Ébrias.

Ser espetado
Dor
Incontrolado.

O churrasqueiro gira
O espeto
Sorri
Abre a cerveja.

As bocas salivantes
Esperam a carne
Macia
Saborosa
Delícia
Gostosa.

Coitado do boi
Encurralado
Tratado
Vitaminado
Matadouro
Assassinado.

Mas quem liga
Picanha
Maminha
Gordura
Fininha.

Farinha
Pimenta
Ninguém aguenta.

Quando mordi aquela carne no espeto
Dor no dente
O sentimento igual da carne
Na mente...

04 maio, 2016

Poesia levada

Poesia levada
Pelo vento
Danada
Sentimento.

Poesia levada
Lethe
Fica
Esquecimento.

Poesia levada
Apronta
Nas veias
Lento.

Poesia levada
Foi
Partiu
Adentro.

Solidão

Sinto um vazio
Cérebro cheio
Cansaço.

Correria do dia
Letargia
Paralisia mental.

O sopro do vento
O ar que não entra
O pulmão que respira......


Putrefação social

A imagem do homem
Opus dei
Governa com a caneta
Decretos-lei.

Toma champanhe
Espanca professores
Sorri
Da sórdida desgraça social.

Boas oratórias
Sorrisos singelos
Óculos no lugar
O inferno.

Enviado este
Sucumbe sonhos
Destrói alegrias.

Transvestido com terno alinhado
Filha e mulher
Aparência de bem casado.

Convence as mentes inertes
Putrefatas do consumismo voraz.

Capataz do diabo
Lixo humano
Suas células o consumirão
Tirar-lhe-ão os dentes
Sugarão as vísceras.

Que a terra o rejeite
Para um mundo
Melhor
Desabrochar....

03 maio, 2016