21 janeiro, 2016

A morte da Amélia

Que saudades da Amélia!!!
Ela,
Passava,
Fazia comida,
Amava,
Limpava a casa.
Realmente não existe mais Amélia.
Quando chegava bêbado,
Ela me dizia coisas bonitas,
O jantar estava pronto,
A roupa lavada,
O café feito.
Eta Amélia linda!
Mas um dia....
Ela resolveu....
Não lavar a roupa,
Não fazer a comida,
Não me beijar quando estava bêbado,
E além de tudo foi para balada.
Odeio a Amélia!!
Um dia...
Embriagado...
Matei a Amélia,
Uma faca,
Um sentimento,
Machista!!!
Bandido!!!
Safado!!!
Filho de uma puta!!!
Merece morrer!!!
Monstro!!!
Ela era minha,
E mais de ninguém...
Matei a Amélia,
E não gastei um vintém,
Maldita...
Sou maldito!!!
Matei Amélia...
Não cozinhou mais,
Não lavou mais,
Não me beijou mais....
E eu???
Arrumei outra Amélia....
E aí vocês já sabem bem...

13 janeiro, 2016

Bar

Copos sujos cheios de cerveja azeda,
Balcões molhados de líquidos e restos de comidas,
Estufa com delícias e moscas como aperitivo,
Isso é bar.
Chão grudento com tampinhas que agarram aos pés,
Mesas espalhadas com garrafas vazias e copos cheios,
A pinga que nunca acaba,
O bêbado que afaga,
Suas mãos ao seu cabelo,
Isso é bar.
Pessoas sorridentes,
Ébrias e satisfeitas,
O copo que nunca enche,
A garrafa que esvazia,
Isso é bar.
O dono que é amigo,
Na hora de pagar se torna um inimigo,
Da cerveja a mais,
Ou a menos.
Isso é bar.
Por fim,
Pessoas cambaleando,
Dormindo nas calçadas,
Vomitando nas sarjetas,
Tristes,
Felizes,
O som pára....
A felicidade também,
O sol raia,
A vontade de dormir vem,
Isso é bar!!

10 janeiro, 2016

Resposta da Madrugada

No último ônibus
entro pela porta dos fundos.
Já não há cobrador,
mandaram embora.
Agora usa crack no viaduto.
Enquanto viajo por duas horas no ônibus,
sozinho,
sonolento,
pensativo,
indignado.
O motorista que precisa acordar
dá um tapa na dona benta.
Corre que nem louco,
desvairado,
maníaco,
chapado.
Mas chego no destino.
Ponto final,
Baixa da égua,
Casa do caralho,
Fim de mundo.
Essas denominações são da minha morada.
Caminho pelas ruas lameadas,
Cheias de enigmas,
Pessoas feias e mal encaradas,
Com corações partidos.
Fazem o mal e o bem,
pois não discernem mais a moralidade cristã
do mundo nefasto.
Casas com cheiro de madeira molhada.
A alguns passos chego a um destino.
O bar.
Com umas 4 pessoas confraternizando,
latas, bêbados, sorrisos, choros, rumores.
Fico uns 5 minutos.
Ao fim da rua chego em casa.
Cheia de goteiras.
Cama molhada.
Perto da rodovia.
Bate um carro,
um cara louco,
uns 230 Km por hora.
Quase fode meu barraco,
mas na sua loucura,
pede desculpas.
Meio confuso,
aceitei-as.
Ele me pede para entrar no carro,
desconfiado,
entro,
em poucas palavras,
poucos instantes,
o carro que quase me atropelara,
paira,
flutua,
na rodovia e some na escuridão...