24 junho, 2016

(des) conhecido

Sou suburbano
Meu filho alfacinha
Minha mulher caipira e
minha filha também.

Amém

Nas terra "vermeia"
Sujava os meus "pé"
Carrinho de rolemã
Descia no rolé.

Pé de árvore eu subia
No almoço era manga
No lanche abacate
E a noite não sabia.

As cigarras cantavam.

Na cidade eu cheguei
Andava o dia inteiro
o que eu pegava na árvore
agora consegue com dinheiro.

Para o exterior até fui
como mais um aventureiro
percebi que não passava
de um relés estrangeiro.

E a minha nacionalidade
Sempre questionada
de um famigerado brasileiro.

Para a terrinha quis "vortá"
Mas num era mesma coisa...
queriam me ludibriar
me tornei uma raposa.

Hoje vou vivendo
Num dia após o outro.

Um cidadão (des)conhecido
que mal tem um apelido....
Vivendo ao relento.

O mundo do ismo e do ista

O ismo odeia o ista
O ista provoca o ismo
E porque isso?
Vivemos no mundo do ismo e do ista.

Se sou ismo não sou ista
Se sou ista não sou ismo
Mas um dia o ismo casou com a ista
E formaram o ismoista.

Casal feliz
Mas um dia o ismo brigou com a ista
E logo formalizaram o divórcio.

O problema é que ismo e ista casaram em comunhão total de bens
Na igreja
e tudo bonitinho
Dentro da moral católica familiar da vida.

E para fazer o divórcio foi uma "danadagem" só.
O ismo tinha bens e ista também.
O ismo queria a casa da ista
e a ista queria o apartamento do ismo.

Não tinha negócio entre os dois.

Então a saída foi juntar amigos para se fortalecer.

O ismo juntou os grandalhões
A ista juntou a virtude
E ambos passearam contra a opinião de ambos.

E isso perpetuou durante 10.000 anos
Segundo Rauzito.

E hoje temos uma sociedade cheias de ismo e istas
Que se digladiam  gratuitamente.

Será que não seria melhor o ismo se acertar com a ista?
E assim poderemos viver num mundo melhor.....

23 junho, 2016

ex-insistência

Hoje amanheço
Amanhã padeço
Ontem despeço
No ano seguinte aconteço
Daqui uma década mereço
Passar um século faleço
Passa um milênio reapareço
A eternidade adormeço....

11 junho, 2016

O MENINO QUE COMIA PÃO COM MORTADELA

O sinal toca
As crianças saem felizes
Mais um dia se foi.

Professores
Alunos
Pais
Pessoas se movimentam.

O menino
Sentado na sarjeta
Comia pão com mortadela.

Uma roda
Uma moto
Empinando
O baseado queimando.

A mesclagem de pessoas
Convivendo o mesmo espaço.

Naquela movimentação
Aglomeração
Insultos
Xingamentos
Briga.

O motivo ninguém sabe
Nem mesmo os lutadores
Mas como na televisão
Sempre tem UFC
Levar para a escola então.

O novela mostra
Corpos bem definidos
"Malhação"
Exemplo de educação?
Não...

Com a caneta na mão
Representantes da população
Corta gastos
Ficam fartos de tantos livros
Não lidos?
Comidas
Desperdiçadas?
Nada...

Isto é gestão!!!
Do seu dinheiro
Público?
Então!!!

E o menino comendo pão com mortadela
Se deliciava
A fumaça entrava
No seu sistema respiratório
Passivamente...

E o escapamento da moto estralava
O molecada ficava "doida"
E o piloto se mostrava
Mesmo quase atropelando uma criança
Criança?
No Brasil elas devem trabalhar
Para não pensar
Ordem e progresso!
Sucesso?

O sinal novamente toca
A rua se esvazia
O silêncio impera fora
E o barulho se interioriza
Em nossos pensamentos...

04 junho, 2016

Aniversário

O dia amanhece
Sol lindo
Tudo certo
Os familiares dão - me bom dia
Que alegria
Mas nada.

Hoje é meu aniversário
Será que se esqueceram?
Não, acho que não.

Os sinos badalam
Vou a missa
O padre me espera.

Caminho por quinze minutos
Depois de alguns contratempos
Como brigas em bares
Polícia versus ladrão
Chego então.

A liturgia havia começado
As imagens dos anjos
Lindos
Arcanjos.

Aquela imagem de Da Vinci
Jesus e seus apóstolos
Santa Ceia
E o traidor
Judas.

Viajo nas imagens
Perco-me na liturgia
O padre
Coroinha
Os cânticos sacros
Voz em latim
Sim.

Saudação
Ato penitencial
Hino de Louvor
Oração de Coleta.

Rito da palavra
Primeira leitura
Salmo responsorial
Segunda leitura
Canto de aclamação ao evangelho
Evangelho
Homilia
Credo
Oração da comunidade
Rito sacramental.

E as imagens me atraem.

Por um instante esqueço-me de meu aniversário.

Depois do Cordeiro de Deus
A comunhão
E aqueles santos
Nos prantos
E Jesus com suas mãos.

Nos Ritos Finais
O celular com mensagem
Eu não vi
Esqueci.

Voltando a casa
Com aquela esperança que algo poderia acontecer
O caminho é curto
Ao mesmo tempo longo pelos acontecimentos cotidianos
Bares, polícias, embriaguez e atos profanos.

Entro na rua
Avisto carros parados em frente de casa
Que surpresa?
Será?
O coração palpita
O sorriso vem.

Aproximei da casa
O som deu lugar ao silêncio
Choros, lamúrias?

Entro, mas o sorriso dá lugar as lágrimas
Minha mãe chega próximo de mim
Diz: parabéns!
Mas seu avô faleceu
Estava preparando sua festa e infartou!

Sem reação
Vem a minha cabeça os anjos
Cantos
As lágrimas de alegria se transformam na falta.

Velho danado!
Havia me criado!
Com carinho e amor
Deixou me neste instânte
Com saudades das alegrias e dor.

Saio e rua e então
A realidade a vista
Polícia, tiros e correria...

02 junho, 2016

Crise letárgica

Quando leio
Entorpeço-me
Durmo 
Acalmo-me
As luzes da televisão me atraem.

O som da publicidade me engana
Cores
Pessoas 
Objetos
Superficialidades desnecessárias.

As novelas me letargiam de banalidades
O controle remoto me sedentariza.
Inerte paralítico
Paralisia viciante
Pensamento estático.

As pessoas com suas particularidades e sonhos
Alheiam-me.

Sinto um vazio de ser
Uma badalada do sino da vida
Um eco na subjacência do eu.

Quero abrir os olhos fechados de remelas
Mas não consigo.

A realidade me faz enxergar o que não gostaria de ver.

Quero ser criança
Brincar, correr e cansar
Deixar as pálpebras da minha existência
Deitar....