10 janeiro, 2016

Resposta da Madrugada

No último ônibus
entro pela porta dos fundos.
Já não há cobrador,
mandaram embora.
Agora usa crack no viaduto.
Enquanto viajo por duas horas no ônibus,
sozinho,
sonolento,
pensativo,
indignado.
O motorista que precisa acordar
dá um tapa na dona benta.
Corre que nem louco,
desvairado,
maníaco,
chapado.
Mas chego no destino.
Ponto final,
Baixa da égua,
Casa do caralho,
Fim de mundo.
Essas denominações são da minha morada.
Caminho pelas ruas lameadas,
Cheias de enigmas,
Pessoas feias e mal encaradas,
Com corações partidos.
Fazem o mal e o bem,
pois não discernem mais a moralidade cristã
do mundo nefasto.
Casas com cheiro de madeira molhada.
A alguns passos chego a um destino.
O bar.
Com umas 4 pessoas confraternizando,
latas, bêbados, sorrisos, choros, rumores.
Fico uns 5 minutos.
Ao fim da rua chego em casa.
Cheia de goteiras.
Cama molhada.
Perto da rodovia.
Bate um carro,
um cara louco,
uns 230 Km por hora.
Quase fode meu barraco,
mas na sua loucura,
pede desculpas.
Meio confuso,
aceitei-as.
Ele me pede para entrar no carro,
desconfiado,
entro,
em poucas palavras,
poucos instantes,
o carro que quase me atropelara,
paira,
flutua,
na rodovia e some na escuridão...

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