31 dezembro, 2015

Passagem

Embaixo dos viadutos comem ratos,
Suculentos,
Assados, 
Salgados,
Latas.
Em cima dos prédios comem perus,
Suculentos,
Assados,
Apimentados,
Garrafas.
A crueldade das ruas,
A benevolência dos altos dos edifícios,
Igualam-se.
Os mesmos,
Que ajudam,
Atrapalham,
Os andarilhos,
Andarem.
Fecham as janelas,
Trancam os portões,
Chamam a polícia.
Os de fora,
Andarilhos,
Pacientes,
Sujos,
Solidários,
Inteligentes.
Esperam os ratos saírem,
Das tocas,
Submersas, 
Emersas,
Dos condomínios.
Querem um banquete,
Frango,
Farofa,
Champanhe,
Felicidade.
Os limpos imundos,
Estão a espera,
Nos seus enclaves fortificados,
O ano passar,
Fazem contas,
Planos,
Esperanças
Da extinção do outro.
Sujo,
Imundo,
Coração grande,
Imenso.
Debaixo das pontes sujas,
Saem o lucro,
Dos limpos aristocratas,
Novos,
Velhos,
Modernos.
Feliz ano para os infelizes,
Infeliz ano para os felizes,
O mundo,
Dos limpos,
Que querem acabar como  mundo dos sujos,
Que ajudam a limpar,
As mazelas de um mundo desigual,
Jogando nos esgotos,
A existência de algo menos pior.....

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