05 março, 2006

Tudo pela beleza e nada pela piração...





O Brasil é líder mundial no consumo de remédios para emagrecer. O International Narcotic Control Board (Incb), conhecido na América Latina por Junta Internacional de Fiscalização a Entorpecentes (Jife), acaba de divulgar o seu relatório anual. O texto chama de situação de emergência planetária, a exigir empenho repressivo e vigilância especial dos estados membros das Nações Unidas, o tráfico por via postal, que rende bilhões de dólares para a criminalidade. Também critica as farmácias on-line, especializadas na contrafação de produtos, feitos em fundo de quintal, e a oferta de drogas hormonais (GHB), tudo a causar graves problemas à saúde dos consumidores desavisados. Pela primeira vez, o relatório toca na chamada maconha geneticamente modificada. O princípio ativo (THC), em face de constatações químicas toxicológicas, subiu de 2% a 5% para 19%. Na Holanda, encontrou-se erva canábica com 24%. O Marrocos e a Albânia já estariam produzindo a maconha transgênica. Faltou o Paraguai, com Capitán Bado, na fronteira com o Mato Grosso do Sul. Com relação ao Brasil, a “novidade” diz respeito ao elevado consumo de drogas inibidoras do apetite, que, como se sabe, não são compradas apenas pelos interessados na redução de peso, mas vendidas, também, como anfetaminas nas discotecas, com o álcool a potencializar os efeitos. Interessante observar que a Jife, criada por força da Convenção de Nova York de 1966, trabalha com dados fornecidos oficialmente pelos estados membros da ONU. Em outras palavras, o próprio governo brasileiro enviou os dados e, com surpresa estampada nas primeiras páginas dos jornais, recebe a notícia, inserida no relatório da Jife, de estar entre os maiores consumidores de drogas anorexígenas. O Brasil continua a ser apontado como corredor de passagem da cocaína andina enviada para consumo na Europa e nos EUA. No relatório, acabou poupado da referência de grande centro consumidor de cocaína, fato conhecido por qualquer brasileiro que sai de casa.

Carta Capital 08-03-2006

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