autoria Oser (vulgo Diego Nathan)
Poesias poeiras...Levadas pelo vento... Nas catacumbas faraônicas... Dos esgotos esquecidos... Toda poesia... É um sentimento perdido... Lethe levou... Para sua mãe Eris... Todos os versos mundanos... Esvaíram pelas águas... Junto com as náiades que habitavam os pântanos...
04 junho, 2014
Ode ao amigo quando respira
Retrato de Douglas quando respira
Pergunte ao seu coração
Se ele quer ser petisco
Eu acho que não.
Então pergunte ao seu fígado
Se dá pra ser patê de rico.
Seu coxão mole
Sua picanha
Pergunte ao seu chefe
Se ele não quer
Conhecer o seu hálito azedo, às 3h40, quando seus irmãos e amigos não te ligam
E você bebe como um porco
E são 3h50 e eles ainda não ligaram
E faz 10 anos que não ligam
E você continua na primeira página
De um poema inexistente,
eterno e complexo
Um alimento infinito e desgraçado
E avassalador
E impossível
E você tenta fritar suas bolas no azeite
sua língua na mateiga
e seu pinto num balde de banha fria
É levado por uma ambulancia
Para um transplante
-Sr, o senhor é compatível.
E então eu te pergunto:
Comer alface não é a solução?
Continuar me arrastando?
Jogando confete aos parasitas?
disco 193, arranco todos os meus dentes com um alicate afiado
queimo o poema infinito
pulo da janela e cubro meu filho
busco o pão
esquento o leite
coloco o liquidificador no facebook
Meus avós estão fazendo churrasco de pombos em algum quintal psicodélico na Noruega e eu
invado muros com motocicletas
desafio a matéria
a miséria
a morte e a física
Quero que o Sartre se foda
Quero que a polícia inteira se foda
Que que os dentistas se fodam
Quero que os engenheiros e os taxistas se fodam
Quero a maior suruba do mundo, todo mundo se fudendo, cuspindo porra, sangue, pedra e leite pra todo lado
E lama
-Calma, meu filho
E lama
Acelero, estou sem capacete, sem camisinha, sem dinheiro e sem rumo
Sou o ultimo poeta do ocidente
O único músico do oriente
O primeiro cineasta sem filme e o exclusivo ator de mim mesmo
Escrevo peças de teatro de duas sílabas
Conto histórias apenas com os olhos
Reuno grupos de neurônios e os expulso com as narinas em fogo
Sou Netuno e Saturno, Capricornio, Gemeos e o Diabo
Sou Inicio, nevoeiro, Deus e o caralho, sou mole e quebradiço
E verde
E as vezes quero esvaziar os sentidos
Até que tomate seja cavalo
E galope seja poema
E referencia seja eu, pelado, tendo meu saco torcido, sozinho, num pais de merda, sujo e hipócrita
E desse testículo fodido, faço a teia da minha rotina,
Faço meus filhos, minhas lágrimas, os calos dos meus nervos, minha gargalhada destemida, o sangue do meu olho, a guela afiada,
Faço minha vida.
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