04 junho, 2014

Ode ao amigo quando respira

Retrato de Douglas quando respira Pergunte ao seu coração Se ele quer ser petisco Eu acho que não. Então pergunte ao seu fígado Se dá pra ser patê de rico. Seu coxão mole Sua picanha Pergunte ao seu chefe Se ele não quer Conhecer o seu hálito azedo, às 3h40, quando seus irmãos e amigos não te ligam E você bebe como um porco E são 3h50 e eles ainda não ligaram E faz 10 anos que não ligam E você continua na primeira página De um poema inexistente, eterno e complexo Um alimento infinito e desgraçado E avassalador E impossível E você tenta fritar suas bolas no azeite sua língua na mateiga e seu pinto num balde de banha fria É levado por uma ambulancia Para um transplante -Sr, o senhor é compatível. E então eu te pergunto: Comer alface não é a solução? Continuar me arrastando? Jogando confete aos parasitas? disco 193, arranco todos os meus dentes com um alicate afiado queimo o poema infinito pulo da janela e cubro meu filho busco o pão esquento o leite coloco o liquidificador no facebook Meus avós estão fazendo churrasco de pombos em algum quintal psicodélico na Noruega e eu invado muros com motocicletas desafio a matéria a miséria a morte e a física Quero que o Sartre se foda Quero que a polícia inteira se foda Que que os dentistas se fodam Quero que os engenheiros e os taxistas se fodam Quero a maior suruba do mundo, todo mundo se fudendo, cuspindo porra, sangue, pedra e leite pra todo lado E lama -Calma, meu filho E lama Acelero, estou sem capacete, sem camisinha, sem dinheiro e sem rumo Sou o ultimo poeta do ocidente O único músico do oriente O primeiro cineasta sem filme e o exclusivo ator de mim mesmo Escrevo peças de teatro de duas sílabas Conto histórias apenas com os olhos Reuno grupos de neurônios e os expulso com as narinas em fogo Sou Netuno e Saturno, Capricornio, Gemeos e o Diabo Sou Inicio, nevoeiro, Deus e o caralho, sou mole e quebradiço E verde E as vezes quero esvaziar os sentidos Até que tomate seja cavalo E galope seja poema E referencia seja eu, pelado, tendo meu saco torcido, sozinho, num pais de merda, sujo e hipócrita E desse testículo fodido, faço a teia da minha rotina, Faço meus filhos, minhas lágrimas, os calos dos meus nervos, minha gargalhada destemida, o sangue do meu olho, a guela afiada, Faço minha vida.

autoria Oser (vulgo Diego Nathan)

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